9 tendências tecnológicas de inovações disruptivas que você precisa conhecer - Instituto Eldorado
04 de Novembro de 2021

9 tendências tecnológicas de inovações disruptivas que você precisa conhecer

Jairton

Jairton Nardon Cordeiro Product Owner no Instituto ELDORADO

Autor

Inovação já é uma palavra amplamente conhecida por todos nós. Ela é carismática, otimista, moderna e, ano após ano, ela sempre cruza o tapete vermelho da fama de um jeito atraente e elegante que faz todos desejarem estar ao seu lado diante dos holofotes da mídia. No entanto, quem realmente está usufruindo de sua companhia nos últimos tempos é a palavra “disrupção”. A inovação e a disrupção têm andado de mãos dadas publicamente por todos os lugares e andam fazendo declarações mútuas de afeto e devoção uma pela outra. Mesmo não estando claro ainda como foram apresentadas, elas já demonstraram em algumas situações (nas quais sambaram nos tapetes das etiquetas da sociedade) que essa relação será duradoura e cada vez mais intensa.

A palavra “inovação” se popularizou em 1939, através do economista austríaco Joseph Schumpeter, em sua obra Business Cycles. (Traduzido no Brasil com o título ” Teoria do Desenvolvimento Econômico”). Conceitualmente, ele descreveu a inovação como: “O surgimento de uma nova matéria-prima, uma introdução de um novo produto no mercado, um novo modo de produção, um novo modo de comercialização de bens e serviços ou até mesmo uma quebra de monopólio.”

Suspeito fortemente que foi durante uma caminhada no parque, em uma tarde ensolarada, que os feromônios delas (inovação e disrupção) se cruzaram, gerando atração mútua e resultando em uma conexão inevitável. A “inovação”, cheia de classe e elegância, deve ter ficado encantada com a jovialidade, a energia e a notável indiferença aos padrões dominantes que a “disrupção” exibia debaixo daquele sol em meio à natureza. É como diz aquele ditado: os opostos se atraem.

Durante a longa conversa que se seguiu naquele dia, e mesmo elas percebendo discretamente os diversos paparazzis camuflados ao redor, curiosos com esse encontro,  a “disrupção” foi bem direta e transparente ao revelar que tinha ganhado fama e notoriedade em 1997, através de Clayton Christensen, professor na Harvard Business School, em seu primeiro livro publicado: “The Innovator’s Dilemma(Traduzido no Brasil com o título “O Dilema da Inovação”). A importância do conceito foi tanta que, mais tarde, seria considerado um dos livros de negócios mais importantes já escritos no mundo. Segundo ele, a disrupção é: “uma ruptura que traz um produto pior em relação ao modo como o faz sua avaliação. Mas também traz um novo conjunto de atributos que permitem ao produto ser usado de uma maneira diferente dos que existiam antes”.

Segundo o dicionário Michaelis, disrupção significa: “ato ou efeito de romper ou, então, a quebra de um curso normal de um processo”. Ou seja, negócios disruptivos são aqueles que rompem a normalidade de um mercado ou processo produtivo. Na prática, o conceito de disrupção diz respeito a um processo no qual um produto começa a ficar tão popular que cria um novo mercado ou passa a substituir um mercado já antes consolidado.

E no encontro entre a elegante e imaginativa “inovação” (que sempre se preocupava em criar algo novo sem ferir seu antecessor) e a mente inquieta e libertária da “disrupção” (que se preocupava apenas com o novo e não se importava com a integridade ou continuidade de seus antecessores), surgiu uma dupla imbatível, porém ainda difícil de ser absorvida por todos na sua totalidade.

Afirmo isso pelo fato de que nos últimos anos o termo disrupção tem sido utilizado de forma bastante abrangente, ocasionando muitas vezes na perda do seu real significado. Vem se tornando, erroneamente, apenas mais um sinônimo para inovação. De fato, isso não representa a sua natureza, pois precisamos lembrar que nem toda inovação é disruptiva, mas toda disrupção é inovadora. E ao confundir esses dois conceitos corremos o risco de esquecermos como estruturar maneiras diferentes de se pensar.

A inovação disruptiva é quase como uma pedra filosofal, ou uma espada excalibur ainda cravada na rocha, esperando ser retirada pelo seu herdeiro real e legítimo. Mas quando essa dupla se aproveita de soluções tecnológicas cheias de viabilidade de infinitas possibilidades, seu poder de alcance aumenta exponencialmente. Para exemplificar melhor essa união (mesmo correndo o risco de clichê), podemos citar aqui algumas inovações disruptivas onde a tecnologia foi um recurso indispensável para seus idealizadores deixarem fluir ideias fora da caixa: EasyTaxi, Wikipedia, Netflix, Airbnb, GetNinjas, Uber.

Utilizar-se de tecnologias para transformar modelos de negócios e, até mesmo a própria sociedade, já não é algo tão surpreendente. No entanto, estamos vivenciando uma aceleração constante rumo à nossa próxima revolução: a transformação digital. E seja qual for o segmento de mercado que busca essa transformação, é possível afirmar que um dos diversos, e prováveis, fatores de sucesso nessa caminhada seja a iniciativa em se buscar novas soluções através de projetos de PD&I. Isso fica ainda mais em evidência quando percebemos que a própria tecnologia vem evoluindo, quase que diariamente, e nos fornecendo novas ferramentas e recursos interconectados.

Para poder acompanhar essa evolução e tentar prever as futuras tendências tecnológicas, muitos relatórios sobre esse assunto são compartilhados constantemente na Internet por várias empresas especializadas. Uma dessas empresas, mundialmente reconhecidas e que vem mantendo sua reputação e aceitação inquestionáveis, é a empresa Gartner. Os seus relatórios são considerados extremamente importantes no mercado de TI.

Segundo o relatório Gartner Top Strategic Technology Trends for 2021, as tendências tecnológicas de inovações disruptivas que estão surgindo no horizonte são as seguintes:

Tendência 1: Internet do Comportamento (Internet Of Behavior – IoB)

A Internet de comportamentos está surgindo à medida que muitas tecnologias capturam e usam a “poeira digital” da vida diária das pessoas. O IoB combina tecnologias existentes que se concentram no indivíduo diretamente, como conhecimento facial, rastreamento de localização e análise de dados. Ela será a tecnologia responsável por conectar os dados resultantes dos eventos comportamentais associados, como compras em dinheiro ou hábitos de uso dos dispositivos. O IoB tem implicações éticas e sociais, dependendo dos objetivos e resultados dos usos individuais.

Tendência 2: Experiência Total (Total experience)

A experiência total combina múltiplas experiências, como experiência do cliente, experiência do funcionário e experiência do usuário para transformar o resultado do negócio. O objetivo é melhorar a experiência geral onde todas essas peças se cruzam, desde a tecnologia até os funcionários, clientes e usuários. A tendência permite que as organizações tirem proveito das experiências trazidas pela pandemia de COVID-19

Tendência 3: Computação que aprimora a privacidade (Privacy-enhancing computation)

A computação que aprimora a privacidade, apresenta três tecnologias que protegem os dados enquanto eles estão sendo usados. O primeiro fornece um ambiente confiável no qual dados confidenciais podem ser processados e/​​ou analisados. O segundo executa processamento e análise de maneira descentralizada, enquanto o terceiro criptografa dados e algoritmos antes do processamento ou análise desses dados.

Tendência 4: Nuvem distribuída (Distributed cloud)

Nuvem distribuída é onde os serviços de nuvem são distribuídos para diferentes locais físicos, mas a operação, governança e evolução permanecem sob responsabilidade do provedor de nuvem pública. (Leia mais: The CIO’s Guide to Distributed Cloud)

A Nuvem distribuída é o futuro da nuvem.

Tendência 5: Operações em qualquer lugar (Anywhere operations)

Um modelo de operações em qualquer lugar será vital para as empresas emergirem com sucesso após a pandemia de COVID-19. Em sua essência, o modelo operacional permite que os negócios sejam acessados, entregues e habilitados em qualquer lugar – onde clientes, empregadores e parceiros de negócios operam em ambientes fisicamente remotos. O modelo para operações em qualquer lugar é “digital primeiro, remoto primeiro.

Tendência 6: Malha de segurança cibernética (Cybersecurity mesh)

A malha de segurança cibernética é uma abordagem arquitetônica distribuída para controle de segurança cibernética escalável, flexível e confiável. Muitos ativos agora existem fora do perímetro de segurança tradicional. A malha de segurança cibernética permite essencialmente que o perímetro de segurança seja definido em torno da identidade de uma pessoa ou coisa. Ele permite uma abordagem de segurança mais modular e responsiva, centralizando a orquestração de políticas e distribuindo a aplicação das mesmas. À medida que a proteção do perímetro se torna menos significativa, a abordagem de segurança de uma “cidade murada” deve evoluir para as necessidades atuais. (Leia mais: Gartner Top 9 Security and Risk Trends for 2020)

Tendência 7: Negócio inteligente combinável (Intelligent composable business)

Um negócio inteligente composto é aquele que pode se adaptar e se reorganizar fundamentalmente com base na situação atual. À medida que as organizações aceleram a estratégia de negócios digitais para impulsionar uma transformação digital mais rápida, elas precisam ser ágeis e tomar decisões de negócios rápidas com base nos dados disponíveis atualmente.

Tendência 8: Engenharia de Inteligência Artificial (AI engineering)

Uma estratégia robusta de engenharia de IA facilitará o desempenho, escalabilidade, interpretabilidade e confiabilidade dos modelos, ao mesmo tempo que oferece o valor total dos investimentos necessários. Os projetos de IA geralmente enfrentam problemas de manutenção, escalabilidade e governança, o que os torna um desafio para a maioria das organizações. (Leia mais: 2 Megatrends Dominate the Gartner Hype Cycle for Artificial Intelligence, 2020).

Tendência 9: Hiper Automação (Hyperautomation)

Hiper automação é a ideia de que tudo o que pode ser automatizado em uma organização deve ser automatizado. Ela é impulsionada por organizações com processos de negócios legados que não são simplificados, criando problemas imensamente caros e extensos para as organizações.

Cada uma dessas 9 tendências possui seu próprio público alvo e seu segmento de mercado específico. Além do fato de trazerem soluções possivelmente disruptivas, elas possuem algo em comum. Mas o quê? A resposta é visível e clara: são soluções adaptáveis, distribuídas e colaborativas. Além do fato de que outras premissas vêm se somando a esses novos conceitos, como “5G”, “Computação de borda”, “Conectividade Global”, etc.

É evidente que essas 9 tendências são apenas possibilidades do amanhã. Para que elas possam se concretizar, muitas questões ainda precisam ser respondidas e muitas ideias ainda precisam de ações. Para tirarmos proveito das tendências que a tecnologia nos oferece, precisamos entender que os acertos dependem diretamente dos seus equívocos preliminares. Ou seja, não existem evidências concretas de que essas apostas se tornarão realidade, mas existem indícios fortes de que elas virão de alguma forma.

Sem um contato prévio com o desconhecido e seus tropeços pelo caminho até os objetivos desejados, tendemos a ficar presos à relutância. Seria o mesmo que estar na platéia de um show de tango no teatro Colón de Buenos Aires e ser convidado ao palco para dançar com os profissionais. Nesse cenário, seria bem provável que os sentimentos de medo, vergonha e insegurança naturalmente nos impedissem de aceitar esse convite. Por isso, o conhecimento é um insumo essencial para todos que buscam pela inovação. O mais importante é compreender que é preciso dar espaço para que a renovação de ideias aconteça e também abarcar a coragem de se despir das roupas da indecisão.

Aceite o fato de que “o novo sempre vem”.

A busca pela inovação contribuirá positivamente a um caminho mais assertivo para impulsionar as estratégias de negócio e até mesmo, quem sabe, para um possível encontro com a própria disrupção.

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